FONTE: O Vale

(São José dos Campos-SP- 19/7/21)

@Da redação | @jornalovale

O presidente da ABMI (Associação Brasileira do Mercado Imobiliário), Márcio Schneider, a cidade de São José dos Campos nesta quinta-feira (16). A passagem marca o início de um roteiro de viagens de Schneider por todas as 53 empresas associadas à instituição espalhadas pelo Brasil.

O objetivo da visita, segundo Schneider, é reforçar a política de “troca de experiência entre as empresas” associadas, reforçando os “laços de amizade” dentro do grupo, além de conhecer de perto o mercado de São José: “ver um pouco a operação, conversar in loco para entender como é a cidade, o desenvolvimento da cidade, isso é muito importante”.

Entre um e outro evento, Schneider concedeu entrevista exclusiva a OVALE na matriz da Nova Freitas Imóveis, a associada da ABMI em São José, para falar sobre o atual cenário do mercado imobiliário no Brasil e na região. Confira a seguir alguns dos principais pontos levantados durante a conversa.

RELEVÂNCIA DO MERCADO IMOBILIÁRIO.

“Se a gente olhar para as prioridades das pessoas, a primeira prioridade é a família: nossos familiares, nossos entes. E a segunda é onde a gente vai morar: onde vamos acolher essas pessoas. Não é ter uma casa, é fazer um lar, que é uma coisa mais ampla do que simplesmente uma casa, mas são coisas que acabam se complementando. Eu acho que o mercado imobiliário tem um papel extremamente importante na vida das pessoas”.

PERSPECTIVA DO MERCADO PARA 2021.

“O mercado imobiliário está voltando a ter o posicionamento importante que ele teve no passado. Com toda essa facilidade hoje, essa disponibilidade de crédito que a gente passou a ter, o mercado imobiliário vive um momento muito interessante para todos os lados: para quem opera, e para o cliente também – com o imóvel como um investimento. Hoje, para você ter retorno em cima de uma locação, em cima da aquisição de um imóvel para uma possível revenda depois, está muito interessante.

A gente está vivendo… Não gosto de falar na palavra “boom”, porque o “boom” sempre tem essa imagem de que depois estoura. E não, não é um estouro. Isso é uma evolução que a gente está tendo de boas perspectivas com esse crédito farto, com tudo que a gente está vendo da reação da economia hoje que tem uma sinalização muito interessante”.

O presidente da AMBI, Márcio Schneider (à esquerda), com o diretor da Nova Freitas Imóveis, Alfredo Freitas, em evento na matriz da imobiliária, na Avenida Anchieta

INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS.

“Agora o mercado imobiliário voltou a ter um espaço na cesta de investimentos das pessoas que ele tinha perdido. As pessoas não estavam mais pensando em adquirir um imóvel para botar em locação, por exemplo, porque se ganhava muito mais com o dinheiro colocado no banco. Embora eu, que trabalho no mercado há uitos anos, sempre acreditei no imóvel. Porque é um ativo que o principal valoriza e ainda te rentabiliza todo mês. Qual é o [outro] ativo que tem essas condições? 

Com esse cenário econômico todo, de fartura de crédito, com os juros bastante interessantes para o ambiente empresarial, mesmo com essa alta que a gente passou a ter da Selic, as pessoas buscaram uma nova equalização para os seus investimentos. O que eu acho mais importante é isso, que o imóvel começou a ter o seu posicionamento nessa cesta”.

REFORMA TRIBUTÁRIA.

“[A reforma tributária] vai dar um impacto no setor imobiliário. Obviamente sabemos que é necessário fazer um ajuste de todo o nosso ambiente tributário – ele não contribui para o desenvolvimento empresarial da forma que vemos hoje, pela sua complexidade, pelas diferenças de alíquotas. É um ambiente muito complexo. Ele precisa ser simplificado. Obviamente a gente vai passar por um momento de ajuste, porque você está mudando de uma determinada situação para haver um novo enquadramento.

E eu acho que essa discussão ainda não tem uma definição. O governo fez a sua proposta de reforma tributária, o empresariado se posicionou – alertou o governo onde o impacto vai ser maior, onde realmente vai atrapahar o desenvolvimento e até essa retomada da economia que estamos tendo. E ainda é cedo para podermos ter uma visão porque as coisas estão sendo negociadas, estão na mesa para negociação. Então é prematuro hoje a gente falar de qualquer alíquota, qualquer percentual, porque isso está sendo discutido.

E o que é muito interessante é que o governo está aberto a ver o impacto que está havendo em cada área com essas propostas. E a área de serviços, que é o nosso setor, é uma área que está sendo muito impactada, e isso precisa ser discutido porque temos aí uma empregabilidade muito forte. A reforma é necessária, a gente sabe que é necessária, mas ela tem que simplificar e também contribuir para que o empresário consiga desenvolver e gerar mais empregos”.

AUMENTO NO CUSTO DE CONSTRUÇÃO.

“A gente está no começo da impactação. Na realidade o processo de pandemia fez com que toda a produção de insumos fosse freada, então você esvaziou os estoques que atendiam o mercado. O mercado retomou com uma velocidade que a produção de insumos não consegue acompanhar. Então você passou a ter uma demanda muito grande para materiais de construção, e a tendência é o preço subir porque você teve um aquecimento rápido do mercado. Talvez até não esperado porque não se tinha essa visão de que o mercado imobiliário ia acelerar tão rápido como aconteceu. Essa é uma discussão que está na mesa dos incorporadores e dos empresários, olhando justamente o crescimento desse índice”.

EXPANSÃO DO CRÉDITO.

A gente tem que olhar também pelo lado da fartura de crédito hoje. Temos a Caixa Econômica com um trabalho bastante forte na questão do crédito. Não apenas ela, você tem várias opções no mercado hoje para atendimento ao mercado imobiliário. Você tem Fintechs (startups ou empresas que desenvolvem produtos financeiros totalmente digitais) especializadas também, com foco em contribuir com o mercado imobiliário na questão do crédito”.

O prefeito de São José dos Campos, Felicio Ramuth (à esquerda), com Márcio Schneider (centro) e Alfredo Freitas (à direita)

CASA VERDE E AMARELA.

“[O Brasil] tem um déficit habitacional grande. Enquanto tivermos esse déficit habitacional grande, teremos espaço para produtos. E por um lado você tem também um grande incentivo do governo para esse tipo de produto. É importante que isso aconteça. E a gente está vendo agora uma melhoria na qualidade dos projetos, que é uma coisa que também precisa ser adequada para que ele [o Programa Casa Verde e Amarela] não se transforme com o tempo e perca as características iniciais dele. Principalmente quando a gente fala de questões urbanas, das cidades, do impacto nas regiões do bairro.

Mas esse é um segmento no mercado imobiliário que veio para ficar. Enquanto tiver esse déficit habitacional, ele vai continuar. E [o programa] é muito bem vindo, porque ele é necessário. Hoje a gente tem programas muito interessantes que permitem que as pessoas com renda familiar mais baixa possam adquirir seu imóvel”.

HOMEOFFICE.

“A pandemia trouxe uma visão diferente na relação com o imóvel. Com esse período em que você é obrigado a ficar dentro de casa, houve uma reflexão muito grande. ‘Onde é que eu moro? Como eu moro? Com que qualidade eu moro? Isso daqui está bom para a minha família? Será que meus filhos vão continuar aqui? Será que isso está adequado?’ Começou a ter essa discussão que a vida corrida das pessoas talvez não permitisse.

E há uma experiência muito diferente, que é você trazer o trabalho para dentro de casa, e fazer com que isso conviva harmonicamente dentro de casa. Ainda é uma luta, ainda é uma batalha, mas isso fez com que essa relação com o imóvel, a visão mudasse muito. O homeoffice hoje é uma coisa incorporada em qualquer imóvel, independente do seu tamanho”.

NOVAS DEMANDAS.

“Quando eu ia visitar o sul, eu via os apartamentos, lançamentos de apartamentos, e [tinha] uma churrasqueira no apartamento. Quer dizer, uma coisa inusitada para quem é do Rio de Janeiro. E você vê como isso do sul se disseminou de uma maneira, e hoej se espalhou para todas as regiões: a denominada “varanda gourmet” ou “área gourmet” dentro dos apartamentos. No Brasil inteiro agora passou a ser uma coisa [requisitada], independente do clima, independente das características locais”.

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